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Você certamente já ouviu falar sobre o transplante de medula óssea. Seja nos jornais, nas novelas ou até mesmo no feed das redes sociais, sempre vemos histórias bacanas, de alguém que passou por este procedimento ou precisa encontrar um doador para sua realização.

O QUE É

O transplante de células-tronco hematopoiéticas, conhecido popularmente por transplante de medula óssea (TMO), é realizado com o objetivo de substituir as células doentes que estão sendo produzidas na medula óssea, como as das leucemias, por exemplo.

Para entender melhor: a medula óssea é um tecido líquido localizado dentro dos ossos e sua função é fabricar todos os elementos do nosso sangue.

É na medula óssea onde encontramos as células-tronco, células imaturas que dão origem a todas as células sanguíneas por meio de um processo de diferenciação celular. No nosso sangue encontramos três tipos de linhagens de células derivadas destas células-tronco:

  • Glóbulos brancos (ou leucócitos) – combatem as bactérias e vírus que tentam entrar no organismo;
  • Glóbulos vermelhos (ou hemácias) – responsáveis pela oxigenação de todo o corpo;
  • Plaquetas – ajudam na coagulação, evitando as hemorragias.

Na maior parte das doenças do sangue, incluindo os cânceres, acontece uma falha no momento em que as células são originadas ou durante o processo de maturação celular, fazendo com que se desenvolvam de maneira descontrolada e com perda de função.

E é neste momento que o transplante de medula óssea entra como opção de tratamento, para repovoar a medula doente com células saudáveis, possibilitando, inclusive, a cura de diferentes doenças.

As fontes de células-tronco para o transplante podem vir do sangue de medula óssea, sangue periférico ou do cordão umbilical. O procedimento também será indicado a depender de algumas características do paciente, como idade e condições clínicas.

TIPOS DE TMO

São dois os principais tipos de transplante de células-tronco hematopoiéticas: alogênico e autólogo.

ALOGÊNICO

Ele será realizado a partir de células-tronco advindas de um doador, seja da família ou não. Quando o doador vem da família, é chamado de “transplante aparentado” e quando o doador vem do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), é chamado de “transplante não-aparentado”. Para avaliar o grau de compatibilidade entre o receptor e o doador, serão coletadas amostras de sangue para realização de um exame chamado HLA (antígeno de histocompatibilidade). Este exame avalia alguns marcadores presentes na superfície das nossas células do corpo que identificam estas como nossas.  O HLA resulta de um material genético recebido dos pais, 50% de cada.

Transplante aparentado – Ocorre quando o paciente recebe a medula óssea de um parente, que geralmente é o irmão. O transplante de medula óssea pode ser 100% HLA compatível, quando o doador apresenta as mesmas regiões de HLA, ou apenas 50% HLA compatível (haploidêntico), quando o doador apresenta apenas metade das regiões do HLA semelhante com o receptor. Ele também pode ser singênico, quando doador e receptor são irmãos gêmeos univitelinos.

Transplante não aparentado – Ocorre quando o paciente recebe a medula óssea de um doador proveniente do REDOME, sendo avaliado o grau de compatibilidade HLA entre o paciente e o doador. Este grau de compatibilidade deve ser o maior possível – preferencialmente 100% HLA compatível. O transplante de cordão umbilical também pode ser opção nestes casos.

O PROCEDIMENTO

Para o doador, a coleta pode ser realizada de três maneiras:

1º Bacia – As células-tronco são retiradas com uma agulha por meio de uma punção no osso da bacia. Esta coleta pode durar cerca de 1 hora e será feita sob anestesia.  Por envolver anestesia, um doador passará por uma avaliação pré-operatória, para verificar as condições clínicas e cardiovasculares. Após o procedimento, é possível que o paciente sinta dor no local, fraqueza temporária e um pouco de dor de cabeça, efeitos que passam rapidamente.

2º Veia – As células-tronco são retiradas pela veia (sangue periférico). Antes da coleta, o doador precisará tomar um remédio (Filgrastim) por cerca de uma semana, que aumenta a produção das células-tronco e faz com que elas circulem entre as veias. Após a retirada, o sangue passará por uma máquina de centrifugação e filtração, que objetiva separar as células-tronco. Este processo de coleta é bem semelhante a uma doação de sangue, dura cerca de 4 a 6 horas e não precisa de anestesia.

3º Cordão umbilical – As células-tronco serão retiradas do cordão umbilical. Esta opção pode ser utilizada em um transplante alogênico não-aparentado. Assim que a mãe autoriza a doação via cordão, o sangue do cordão é retirado, processado e enviado para o congelamento.

Para o paciente, o transplante é dividido em algumas etapas. Contudo, antes da realização do transplante, será necessário fazer vários exames de sangue e de imagem para avaliar a condição clínica, além de conversar a respeito de como será o transplante e das possíveis complicações.

Etapa 1 – Condicionamento

Aqui, o paciente começará a ser preparado para receber a nova medula óssea do doador. Nesta etapa o paciente receberá quimioterapia e medicações imunossupressoras com intuito de destruir as células doentes presentes na medula óssea e diminuir a imunidade do paciente para que as células de defesa não destruam a nova medula óssea que será infundida.

Etapa 2 – Transplante

Momento de receber as células do doador. Elas serão infundidas no paciente, em um procedimento parecido com uma transfusão de sangue. Durante o transplante, é normal que o paciente sinta alguns desconfortos, como náusea, vômitos, sensação de calor e formigamento. Isso acontece porque nas bolsas em que a medula está é utilizado um líquido conservante.

Por isso, durante todo o momento o paciente será monitorado pela equipe profissional. Normalmente, o paciente ficará internado por cerca de 3 semanas, e terá a evolução de seu quadro acompanhada diariamente. Durante o transplante o paciente apresentará um período em que ocorrerá redução de todas as células sanguíneas (aplasia medular), deixando o paciente mais vulnerável, sendo necessário transfusão de sangue, plaquetas e medicação para subir os glóbulos brancos. Este período ocorre porque é necessário um tempo para que as novas células-tronco infundidas repovoem a medula óssea após a destruição da medula antiga pela quimioterapia realizada na etapa 1 (condicionamento). Pega da medula óssea é o termo utilizado para quando a medula começa a funcionar novamente.

Etapa 3 – Pós-transplante

Já ouviu aquela frase “o transplante não acaba quando termina”? É exatamente isso. No pós-transplante, o paciente entra em fase de vulnerabilidade, com aumento do número de complicações incluindo infecções e doença do enxerto contra o hospedeiro. Nesta fase, quando geralmente o paciente já recebeu alta, é fundamental tomar cuidados importantes para evitar contato com bactérias e vírus.

Doença do enxerto contra hospedeiro ocorre quando as novas células da medula começam a entender os órgãos do paciente como estranhos e iniciam um ataque contra eles. São dois os principais tipos da doença:

Aguda. Ocorre geralmente nos primeiros três meses após o TMO. Os órgãos mais atingidos são a pele, intestino e fígado e o paciente passa a apresentar:

  • Manchas vermelhas espalhadas pelo corpo
  • Erupções na pele
  • Febre
  • Diarreia
  • Dores na região da barriga
  • Icterícia, quando a pele e mucosas passam a ficar em uma coloração amarelada devido a alterações no fígado

Crônica. Geralmente ocorre 3 ou 4 meses após o procedimento e pode durar anos. Os principais órgãos acometidos são a pele, mucosas (olhos e boca), articulações e pulmão. Assim, o paciente pode apresentar:

  • Falta de ar
  • Enrijecimento e escurecimento da pele
  • Coceira pelo corpo
  • Boca seca e sensível
  • Secura nos olhos e na vagina

A qualquer manifestação diferente no corpo, é fundamental que o paciente avise seu médico!

AUTÓLOGO

Este tipo de transplante de medula óssea acontece quando coletamos as células-tronco do próprio paciente, realizamos quimioterapia e depois reinfundimos estas células. Costuma ser indicado quando a doença não tem início na própria medula óssea, como ocorre nos linfomas ou no mieloma múltiplo.

O objetivo deste tipo de transplante é poder realizar altas doses de quimioterapia para combater o câncer. Contudo, com esta terapia, destruímos além das células do câncer, células sanguíneas do “bem” (incluindo células-tronco). Sendo assim, este procedimento seria inviável se não tivéssemos as células-tronco do paciente coletadas previamente para serem utilizadas após a infusão da quimio.

O PROCEDIMENTO

Para o transplante autólogo serão coletadas células-tronco do sangue periférico (da veia) do paciente. Elas serão separadas, passarão por um tratamento especial e depois serão congeladas (criopreservação).

Já o paciente passará por algumas etapas importantes:

ETAPA 1 – Condicionamento

Após a coleta das células-tronco, o paciente será submetido a altas doses de quimioterapia, processo chamado de “condicionamento”.

ETAPA 2 – Transplante

Momento de infusão das células-tronco previamente coletadas por meio de um processo parecido com uma transfusão de sangue. Por serem células já “conhecidas” pelo organismo, o corpo não apresentará efeitos colaterais importantes. Mas, como as células recebem um líquido conservante antes de serem infundidas, é possível que o paciente sinta alguns desconfortos, como náusea, vômitos, sensação de calor e formigamento. Neste período, será necessário o paciente ficar internado por cerca de 15 dias.

Durante o transplante o paciente apresentará um período em que ocorrerá redução de todas as células sanguíneas (aplasia medular), deixando o paciente mais vulnerável, sendo necessário transfusão de sangue, plaquetas e medicação para subir os glóbulos brancos. Este período ocorre porque é necessário um tempo para que as novas células-tronco infundidas repovoem a medula óssea após a destruição da medula antiga, na etapa 1 (condicionamento). Pega da medula óssea é o termo utilizado para quando a medula começa a funcionar novamente.

ETAPA 3 – Pós-transplante

Nos primeiros 100 dias pós-transplante, mesmo após receber alta hospitalar será necessário tomar cuidados para que bactérias e vírus permaneçam distantes. Neste período o paciente fica mais vulnerável a pegar infecções, sendo importante atenção a respeito de qualquer alteração no corpo, como febre e sangramentos, sendo fundamental avisar o médico!

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